Calcular a exigência de capital de giro para financiar a operação, que foi desenhada estrategicamente e projetada financeiramente pelo orçamento anual, é um exercício obrigatório e de responsabilidade exclusiva do gestor financeiro.
No médio prazo, invariavelmente, empresas morrem por falta de planejamento estratégico e definitivamente, no curto prazo, morrem pela combinação entre cálculo errado do capital de giro somado com negligência de gestão de fluxo de caixa.
Ainda na etapa de planejamento estratégico, a empresa deverá saber antecipadamente e detalhadamente sobre:
- A exigência de capital giro para financiar a operação.
- Prospectar fontes de captação de recursos financeiros que poderão ser através dos sócios ou de terceiros.
A negligência sobre este tema transforma o dinheiro que foi captado e reservado exclusivamente para o capital de giro em dívida. A morte por insolvência é inevitável e irreversível!
A gestão da tesouraria, que exerce o controle sobre as contas a pagar e receber, é essencial para eliminar qualquer “buraco” ou frustração no fluxo de caixa. A gestão diária permite compatibilizar pagamento e recebimentos conforme o balanço diário entre receitas e despesas mantendo assim o uso do capital de giro sempre otimizada e sob controle.
A gestão do capital de giro e fluxo de caixa exige disciplina e austeridade. Na prática as projeções devem ir além dos 30 dias, ou seja, 60 e 90 dias para garantir que não haverá nenhuma surpresa que não esteja mapeada ou provisionada portanto o gestor deverá garantir 100% de assertividade.
Os “buracos” que aparecerão nas projeções deverão ser notificados preventivamente para o time de gestão. Eles podem aparecer por vários motivos:
- Vendas não está performando conforme orçamento.
- Diretor executivo está gerando despesas não provisionadas.
- Pagamento de investimentos ou projetos estratégicos estão consumindo o capital que era exclusivamente para fluxo de caixa.
Especificamente sobre o item 3, para os investimentos em ativos e projeto estratégicos que se transformam em despesas ao longo do processo de execução, as linhas de créditos utilizadas deverão ser diferentes das utilizadas para capital de giro. Nunca confunda e nem misture as fontes de financiamento para capital de giro e para investimentos em ativos.
Para certificar-se que sua empresa tem gestão sobre fluxo de caixa, pergunte para seu gestor financeiro sobre a previsão para 30 / 60 / 90 dias.
Também verifique se a geração de caixa que foi planejada pelo orçamento aparece no saldo de caixa ao longo dos meses. O capital de giro desaparece momentaneamente ao longo do mês, mas deverá retornar somado com o lucro da operação portanto, o que foi planejado, mais cedo ou mais tarde no ano, deverá aparecer no radar ( como recebível ) mesmo que ainda não tenha se materializado.
O gestor financeiro é o guardião do ebitda. Se ele não souber onde está seu dinheiro, livre-se dele imediatamente antes que ele quebre sua empresa.